Pesquisar
Close this search box.

Governança Corporativa: como aplicar em Empresas Familiares

Conselho de administração de uma empresa familiar discutindo estratégias, enfatizando a importância da governança corporativa.

A governança corporativa é essencial para o sucesso e a longevidade das empresas, atuando como o sistema pelo qual as organizações são dirigidas, monitoradas e controladas. Esse conjunto de práticas influencia substancialmente a estabilidade financeira e o potencial de crescimento, especialmente em empresas familiares, onde os interesses empresariais e familiares se entrelaçam.

Melhores Práticas em Governança Corporativa

Estrutura de Conselho Forte Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), um conselho eficaz é composto por membros com competências complementares e independência, essenciais para o sucesso da empresa. “O conselho de administração deve ser capaz de contribuir para o sucesso da empresa, com independência para avaliar, direcionar e monitorar a gestão” — IBGC.

Transparência e Divulgação: A Lei das Sociedades por Ações (Lei n.º 6.404/76) enfatiza a importância de uma comunicação clara e precisa, “As demonstrações financeiras devem exprimir com clareza a situação real da empresa e serão complementadas por notas explicativas” — Artigo 176, Lei 6.404/76.

Responsabilidade e Ética: O Código de Melhores Práticas de Governança Corporativa do IBGC ressalta que: “A ética e a responsabilidade devem ser a base das decisões corporativas, transcendendo os requisitos legais e ligando-se diretamente ao sucesso sustentável da organização.”

Gestão de Riscos: Conforme o COSO, uma gestão de riscos eficaz é fundamental: “Uma gestão de riscos eficaz abrange uma visão ampla das incertezas que a empresa enfrenta com a disposição de assumir riscos para alcançar seus objetivos.”

Compromisso com o Compliance: a Lei Anticorrupção Brasileira (Lei n.º 12.846/13) sublinha a importância de práticas internas de integridade, por isso, estabelece em seu Artigo 7º, inciso VIII: “A existência de mecanismos e procedimentos internos de integridade, auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades (…) são considerados na aplicação das sanções”.

    Governança em Empresas Familiares

    Definição de Papéis e Responsabilidades

    Definir os papéis e responsabilidades dos membros de uma empresa familiar é fundamental para garantir a eficiência e a harmonia. Ou seja, atribuir a cada indivíduo tarefas específicas alinhadas com suas habilidades e interesses, além de estabelecer acordos claros que regulem aspectos como autoridade, tomada de decisões e compensação.

    Ao fazer isso, todos na família entendem suas funções e contribuições, promovendo um ambiente de trabalho mais organizado e produtivo. Além disso, a definição clara de papéis ajuda a evitar conflitos e permite que a empresa cresça de forma sustentável ao longo do tempo

    Conselho de Família

    A Family Firm Institute ressalta a importância crucial de um conselho de família para empresas familiares. Uma vez que, este órgão, muitas vezes subestimado, desempenha um papel vital na governança e na continuidade dessas empresas. Assim, o conselho de família funciona como um espaço dedicado para discutir como as relações familiares influenciam as decisões e o curso estratégico da empresa. Aqui, os membros da família podem expressar preocupações, compartilhar ideias e buscar soluções para questões sensíveis que podem surgir devido à dinâmica familiar.

    Ao oferecer um fórum específico para essas discussões, o conselho de família promove a transparência, a comunicação aberta e o entendimento mútuo entre os membros da família envolvidos no negócio. Além disso, permite que as decisões sejam tomadas de forma mais ponderada e informada, levando em consideração não apenas os interesses comerciais, mas também os valores e objetivos da família. Assim, ao integrar as perspectivas familiares na governança empresarial, o conselho de família desempenha um papel fundamental na preservação do legado familiar e no sucesso a longo prazo da empresa.

    Protocolos Familiares

    Os protocolos familiares são mais do que simples documentos burocráticos. Principalmente, porque representam as expectativas e os valores compartilhados pela família em relação à empresa e às interações entre os membros familiares, segundo a Harvard Business Review. Assim, estes acordos formais são como um guia que define as regras do jogo, estabelecendo como a família deseja que as dinâmicas sejam conduzidas. Além disso, são abordadas questões sensíveis, como a sucessão, a tomada de decisões, a gestão de conflitos e a distribuição de lucros, entre outras.

    Ao formalizar esses acordos, a família não apenas garante uma estrutura estável para a empresa, mas também promove a coesão e a confiança entre os membros. Assim, os protocolos familiares não são apenas documentos legais, mas sim a expressão tangível do pacto de confiança e colaboração que sustenta o sucesso e a continuidade das empresas familiares.

    Plano de Sucessão

    Conforme a PwC Family Business Survey, em uma extensa pesquisa sobre empresas familiares, foi constatado que uma grande maioria, representando 72% dos casos, não possui um plano de sucessão formalmente registrado. Ou seja, em muitos desses negócios, não há um roteiro claro sobre quem assumirá as rédeas no futuro, caso algo aconteça ao líder atual. Essa falta de planejamento pode, acima de tudo, acarretar consequências sérias, colocando em risco a continuidade e até mesmo a sobrevivência da empresa no longo prazo.

    Um plano de sucessão bem elaborado é crucial para garantir uma transição suave e eficiente entre gerações na liderança da empresa. Ele não apenas identifica e prepara os sucessores adequados, mas também estabelece diretrizes claras sobre como a transferência de poder e responsabilidades será conduzida. Além disso, um plano de sucessão sólido evita conflitos familiares e a assegura a estabilidade e o crescimento do negócio. O que, consequentemente, proporciona tranquilidade tanto para a família quanto para as partes interessas envolvidas.

    Formação e Desenvolvimento

    O Ernst & Young (EY) Family Business Center of Excellence enfatiza a importância de investir na capacitação e no desenvolvimento das futuras gerações nas empresas familiares. Destaca que preparar os mais jovens da família, não só garante a continuidade do negócio, mas também impulsiona a inovação e a sustentabilidade. Por isso, ao investir em programas para herdeiros, as famílias podem cultivar talentos e habilidades empreendedoras necessárias para enfrentar os desafios do mercado em constante evolução.

    A capacitação das gerações futuras não se limita apenas ao aspecto técnico do negócio, mas também às competências como liderança, crescimento e resolução de problemas. Além disso, ao promover uma cultura de aprendizado contínuo, as empresas adaptam-se mais facilmente às transformações do mercado e exploram novas oportunidades de crescimento. Dessa forma, investir nas futuras lideranças, não apenas fortalece o legado da família, mas também contribui para a prosperidade e a relevância da empresa.

      Conclusão e Projeções Futuras

      A tendência é que as práticas de governança corporativa se tornem ainda mais integradas com questões de sustentabilidade e responsabilidade social. Adotando essas práticas, não só garantirão uma gestão mais eficaz e ética, mas também estarão melhor posicionadas para atender às expectativas de stakeholders. Por isso, as empresas familiares, em particular, devem abraçar a governança como um pilar central para sustentar o legado e a integridade no longo prazo. Promovendo não apenas o sucesso econômico, mas também contribuindo positivamente para a sociedade e o meio ambiente.

      Leia também:

      Referências

      1. IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. Manual das Melhores Práticas de Governança Corporativa. Disponível em: https://www.ibgc.org.br
      2. Lei nº 6.404/76. Lei das Sociedades por Ações. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.htm
      3. COSO – Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission. Disponível em: https://www.coso.org
      4. Lei nº 12.846/13. Lei Anticorrupção Brasileira. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12846.htm
      5. Family Firm Institute. Disponível em: https://www.ffi.org
      6. Harvard Business Review. Disponível em: https://hbr.org
      7. PwC Family Business Survey. Disponível em: https://www.pwc.com/gx/en/services/family-business.html
      8. Ernst & Young (EY) Family Business Center of Excellence. Disponível em: https://www.ey.com/en_gl/family-enterprise
      Este blog utiliza cookies para garantir uma melhor experiência. Se você continuar assumiremos que você está satisfeito com ele.