Saúde Emocional na Empresa Familiar é um tema que vem abordado em todo o mundo. Trazer as lentes psicanalíticas para esse tema enriquece em muito a sua percepção. Freud, o pai da psicanálise, e Bion, com suas teorias sobre a dinâmica de grupos, oferecem visões profundas sobre as interações humanas. Este artigo explora como as relações familiares influenciam o desempenho e a saúde emocional dos membros de empresas familiares. E, para isso, traz conceitos de Freud e Bion para desvendar essas complexas interações.
O Conceito Freudiano e a Saúde Emocional na Empresa Familiar
Freud afirmava que o inconsciente é “tão desconhecido para nós, segundo sua natureza interna, quanto o real do mundo externo; ele nos é dado pelos dados da consciência de maneira igualmente tão incompleta quanto o mundo externo pelas informações de nossos órgãos sensoriais”(1). Em empresas familiares, isso se manifesta quando decisões críticas são influenciadas por sentimentos e conflitos inconscientes, muitas vezes reproduzindo dinâmicas familiares profundamente enraizadas. Compreender esses fatores pode revelar a verdadeira fonte de muitos conflitos empresariais e oferecer caminhos para resoluções mais eficazes.
Dinâmicas de Poder e Papéis Familiares à Luz de Freud
As teorias de Freud sobre complexos são particularmente relevantes para abordar temas de família. Pois, segundo ele: “não se deve lutar por eliminar os complexos, mas por colocar-se de acordo com eles: os complexos são, legitimamente, aquilo que dirige a conduta de um homem no mundo”(2). Por isso que esses complexos, quando não trabalhados, interferem na gestão de uma empresa familiar. Já que muitas vezes são eles que determinam quem assume lideranças e papéis. Pois não se considera a aptidão ou o desejo individual, gerando um terreno fértil para ressentimentos e conflitos.
Conflitos Intergeracionais e a Teoria dos Grupos de Bion
Wilfred Bion, um psicanalista que expandiu as teorias de Freud, introduziu conceitos importantes sobre o funcionamento dos grupos. Ele sugeria que “os grupos operam simultaneamente em dois níveis: o nível de trabalho e o nível básico de suposições”(3). Em empresas familiares, impera o nível de suposições, no qual emoções e expectativas irracionais predominam, pode complicar a sucessão e a tomada de decisão. Por isso, reconhecer e abordar essas dinâmicas pode facilitar uma transição de liderança mais suave e menos emocionalmente carregada.
Pensamento de Bion para a Saúde Emocional na Empresa Familiar
Bion também discutiu a importância da “contenção”, um processo pelo qual um líder ou terapeuta pode auxiliar os membros do grupo a lidar com suas ansiedades e frustrações. Por isso que, a0 aplicar essa técnica em uma empresa familiar, podemos promover um ambiente onde os membros se sentem seguros para expressar e resolver seus conflitos. O que é essencial para a saúde emocional e a eficácia organizacional.
Conclusão
Assim, a aplicação das teorias de Freud e Bion na empresa familiar não apenas ilumina as raízes dos conflitos, mas também oferece abordagens práticas para melhorar tanto a saúde emocional dos indivíduos quanto o desempenho da empresa. Já que, ao tratar a empresa não apenas como uma entidade econômica, mas também como um microcosmo emocional e psicológico, podemos promover um desenvolvimento mais sustentável e harmonioso.
Referências:
- (1) Freud, S., O Inconsciente, 1915.
- (2) FREUD; FERENCZI, 1992, carta de 17 nov. 1911.
- (3) Bion, W. R., Experiências com Grupos, 1961.
